Já faz um bom tempo que a colaboratividade tem sido alvo de minhas reflexões e análises. Acredito que o termo é bem mais que uma palavra “cool” para a sopa de conceitos que os gurus em gestão de negócios e estratégia costumam criar e, tempos depois, os abandonar em prol do próximo queridinho da vez.
A colaboratividade veio para ficar e arrisco dizer que já está naquele momento em que deixa de ser uma tendência para se transformar em algo concreto, cada vez mais consistente e mensurável nas estratégias empresariais e na condução de negócios – algo medular. Afinal, temos até cobots (robôs colaborativos que interagem com seus colegas humanos e compartilham suas rotinas de trabalho), que nasceram no final da década de 1990, mas somente agora passam a fazer parte do mundo corporativo, em empresas de pequeno a grande porte, sendo peças importantes na grande Revolução Industrial 4.0.
Se a Inteligência Artificial (IA) tem investido significativamente na criação de uma geração de cobots, o que as empresas têm feito para estimular a colaboração real entre suas equipes e, mais ainda, em seus ambientes de negócios?
Olhando especificamente para a gestão de Compras e Licitações Públicas, venho observando que a colaboratividade vem aos poucos ganhando espaço e musculatura. Gestores e profissionais que atuam no Mercado Público têm percebido a importância da colaboratividade, a sua capacidade de integrar diferentes players, com seus distintos perfis e conhecimentos, em prol de uma gestão mais estratégica, plural, transparente e ágil, em que todos possam canalizar seus esforços com foco no bem comum, valorizando o cidadão, a sociedade e uma relação mais equilibrada entre todos.
Não se trata de uma visão Pollyana do mundo afirmar que a gestão colaborativa vem crescendo no Brasil, inclusive no Mercado Público. Assumo que, grande parte das vezes, opto por ver o “copo meio cheio”. Porém, neste caso, temos visto e participado de ações que corroboram com esta visão de avanço. É importante, num cenário tão desafiador, unirmos esforços e mentes para atingirmos objetivos que nos coloque, de fato, em posições de transformação do status quo.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a colaboratividade seja uma constante na gestão de negócios públicos. Penso que seria interessante fazermos aqui uma pequena “to do list” que nos auxilie neste processo de expansão da gestão colaborativa.
No ciclo da colaboratividade entre os elos da cadeia de valor dos negócios públicos, identifico aqui alguns pontos essenciais:
Mapeamento de dores comuns a todos os players. Neste caso, ao mapearmos as principais dores, definimos um ponto focal para iniciarmos atividades colaborativas.
Tal qual para um diagnóstico médico, que precisa de anamnese, é preciso fazermos um “scan” completo e detalhado da dor comum mais pungente: o que, onde, como, quem e por que este “sintoma se manifesta” e o grau de sua intensidade. Ao detalharmos a dor comum principal, o “modo colaboração” começa a se delinear entre os players. A sensação de “não estou sozinho” e de que outros têm os mesmos problemas estabelece vínculos de empatia imediatos entre os gestores de negócios públicos.
A seleção de dados e informações sobre a dor comum elencada previamente é uma etapa essencial neste processo de colaboração. Ao fazermos a informação qualificada fluir entre os integrantes da gestão colaborativa, estabelecemos uma base comum de conhecimento (todos na mesma página). Sem achismos, sem feeling, as informações e dados são os subsídios mais ricos da colaboratividade e seus ciclos.
Confiabilidade e transparência são os alicerces fundamentais da colaboratividade. A gestão colaborativa é acima de tudo, um exercício de troca e confiança, sem pressão entre os colaboradores ou algum tipo de valorização excessiva das individualidades. O coletivo e seus colaboradores é que são a “estrela do show”, em que a troca de conhecimento é real e a informação flui de forma generosa e integrada, beneficiando o todo.
Mais que contar com experts em gestão de negócios com soluções prontas, a colaboratividade demanda análises experimentais, mais corajosas e criativas, que nos estimulem a pensar de forma diferente e a encontrar soluções (de fato) factíveis e que possam ser praticadas por todos os players. Tal qual uma criança em fase de aprendizado, os colaboradores são curiosos, questionadores e em cada porquê, podem encontrar novas possibilidades para aprimorar a gestão de negócios públicos.
E, constância e consistência. Precisamos ter constância e consistência nesse plano. A vida cobra isso, nossos cérebros e nossos corpos cobram essa duplinha, assim como o mundo dos negócios. Sem constância não mudamos hábitos; sem consistência não finalizamos nada. É a partir dessa dupla que nos transformamos. Nada, definitivamente nada, acontece da noite para o dia. Aristóteles já dizia: “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito”.
Fica aqui o meu convite para que possamos repensar a gestão de negócios públicos no Brasil, sem grandes pretensões iniciais, um passo de cada vez, mas no ritmo da colaboratividade, em que todos os envolvidos neste complexo ambiente de negócios, possam aprimorar seus resultados de forma mais ágil, assertiva e, obviamente, colaborativa.
Que o poder da transformação colaborativa conquiste a todos neste 2023, que promete ser um ano auspiciosamente desafiador.
Meu muito obrigada por estarmos juntos nessa jornada.
Em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou a constitucionalidade da Lei Distrital 5.345/14, que flexibiliza a ordem das etapas nas licitações públicas realizadas por...
Um é pouco, dois é bom, três é bom demais! Com a Nova Geração de Filtros Inteligentes ZPower, você tem três níveis de tratamento dos dados que proporcionam uma filtragem ainda mais precisa...
Confira mais uma edição do Gente Que Brilha e conheça Emanuella Bertuleza, especialista em Gestão de Pessoas, Orçamento Público e Gestão Fiscal Responsável. Natural de Natal (RN), hoje ela...