O tabagismo segue como um dos indicadores mais relevantes para compreender o comportamento de saúde da população e avaliar a efetividade das políticas públicas no Brasil. O Vigitel, sistema de monitoramento contínuo do Ministério da Saúde, oferece uma leitura histórica consistente dos hábitos dos adultos, permitindo identificar padrões de risco, avanços regulatórios e mudanças estruturais.
Durante mais de uma década, o país apresentou uma trajetória sólida de redução da prevalência de fumantes. No entanto, evidências oficiais divulgadas pelo Ministério da Saúde e pelo INCA a partir de 2024 mostram um movimento diferente: a queda perdeu intensidade e sinais de reversão começaram a aparecer, especialmente entre jovens, pessoas em maior vulnerabilidade socioeconômica e grupos expostos a novas formas de consumo, como o cigarro eletrônico.
Essa mudança reacende o tema como prioridade da política pública, reposiciona estratégias de vigilância epidemiológica e modifica o comportamento das compras governamentais. Para fornecedores do mercado público, entender esse cenário é essencial: cada movimento dos indicadores redefine agendas, regulações e oportunidades.
Neste artigo, você vai entender:
- a evolução histórica dos indicadores de tabagismo no Brasil;
- os novos riscos que pressionam políticas públicas, como o cigarro eletrônico;
- as consequências dessa mudança epidemiológica para o SUS;
- como tendências regulatórias afetam compras governamentais;
- oportunidades estratégicas para fornecedores;
- como a Inteligência IBIZ transforma dados em vantagem competitiva.
Boa leitura!
Por que o tabagismo é um termômetro estratégico da saúde pública
O tabagismo é considerado um indicador sentinela, pois variações no seu comportamento costumam antecipar mudanças em outros fatores de risco: obesidade, sedentarismo, consumo de álcool e doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
Por isso, ele orienta decisões-chave do SUS:
- campanhas e ações educativas;
- pactuação de metas com estados e municípios;
- diretrizes terapêuticas;
- planejamento e distribuição orçamentária;
- regulamentação de ambientes livres de tabaco;
- vigilância epidemiológica e estudos complementares.
A centralidade desse indicador explica seu peso nas decisões governamentais e porque ele importa tanto para quem fornece ao setor público.
O que mostram as tendências do Vigitel (2008–2023)
O Vigitel é o principal instrumento de monitoramento anual dos fatores de risco de DCNTs. Sua continuidade desde 2006 permite identificar padrões estáveis e rupturas epidemiológicas.
Até 2023, o Vigitel apontava uma queda consistente do tabagismo no país, atribuída a políticas robustas de controle, ambientes livres de tabaco, tributação e campanhas educativas.
Porém, evidências divulgadas em 2024–2025 pelo Ministério da Saúde e pelo INCA indicam que essa trajetória não se manteve, mostrando:
- desaceleração das reduções;
- aumento da iniciação entre jovens;
- efeito pós-pandemia no retorno a comportamentos de risco;
- falhas no aconselhamento clínico — INCA estima que meio milhão de fumantes poderiam ter parado entre 2013 e 2019, poupando R$ 1 bilhão do SUS;
- crescente influência do cigarro eletrônico.
A força do Vigitel está justamente na combinação: histórico robusto (2006–2023) + sinais epidemiológicos recentes (2024–2025).
Essa leitura integrada permite antecipar cenários e orientar estratégias de fornecedores e gestores públicos.
A seguir, veja as tendências históricas e como elas se articulam aos movimentos recentes.
Evolução da frequência de fumantes
De 2008 a 2023, a frequência de fumantes caiu de 12,4% para 6,8%.
Por grupos:
- homens: 13,6% → 7,8%;
- mulheres: 11,4% → 6,1%;
- queda em todas as faixas de escolaridade.
Essa redução refletiu menor carga de doenças respiratórias, menos internações evitáveis e redução dos custos assistenciais.
O que os dados mais recentes sugerem (2024–2025)
As análises do Ministério da Saúde indicam:
- interrupção da curva descendente;
- retomada do uso em segmentos jovens;
- piora da saúde mental como fator de risco;
- maior exposição a modelos digitais de consumo (e-cigs).
Redução dos fumantes pesados
Antes de observarmos as mudanças recentes, é importante destacar que um dos avanços mais consistentes da política de controle do tabaco no Brasil foi a queda no número de fumantes pesados, aqueles que consomem 20 cigarros ou mais por dia. Esse grupo concentra o maior risco clínico e costuma exercer pressão significativa sobre a rede hospitalar, especialmente em doenças crônicas respiratórias e cardiovasculares.
Essa redução histórica teve impacto direto na diminuição de quadros graves, como DPOC e câncer de pulmão, e contribuiu para aliviar parte da carga assistencial do SUS.
Contudo, evidências recentes indicam que essa tendência deixou de progredir no mesmo ritmo, sugerindo estagnação e reforçando a importância de fortalecer estratégias de cessação, aconselhamento estruturado e ações de prevenção direcionadas.
Fumantes passivos no domicílio
A exposição involuntária à fumaça do tabaco é um dos componentes mais sensíveis da vigilância em saúde, pois afeta diretamente crianças, idosos e pessoas com doenças pré-existentes. Por isso, o monitoramento do tabagismo passivo é considerado um indicador fundamental para avaliar a efetividade das políticas de ambientes livres de tabaco e o alcance das campanhas educativas dentro dos lares.
- 11,8% (2009) → 5,3% (2023)
O indicador apresenta uma trajetória consistente de queda, reflexo de maior conscientização populacional e do fortalecimento das normas de proteção. No entanto, essa tendência ainda exige atenção: retrocessos podem ocorrer, especialmente diante do avanço dos dispositivos eletrônicos (e-cigs), que muitas vezes são percebidos como menos nocivos e acabam sendo usados em ambientes internos, inclusive próximos a crianças.
Fumantes passivos no trabalho
O ambiente de trabalho é um dos espaços mais regulados quando se trata de exposição involuntária ao tabaco. Ele funciona como um termômetro importante para avaliar a implementação prática das políticas de controle, já que envolve fiscalização, normas internas, rotinas operacionais e grande circulação de pessoas. Por isso, o monitoramento da exposição à fumaça e agora também aos aerossóis dos dispositivos eletrônicos, é essencial para compreender a maturidade das políticas de proteção coletiva.
10,8% (2009) → 4,2% (2023)
Essa queda reflete o avanço das políticas de ambientes 100% livres de tabaco em órgãos públicos e empresas privadas. No entanto, o avanço dos e-cigs reacendeu o debate regulatório: muitos dispositivos passam despercebidos ou são mal compreendidos pelos usuários, o que exige atualização das normas e reforço das rotinas de fiscalização tendência já identificada como prioridade nacional para 2025.
Cigarro eletrônico: o vetor de risco que reorganiza a agenda
Desde 2019, o Vigitel monitora o uso de e-cigs, com prevalência entre adultos variando entre 2,4% e 2,8%.
Entretanto, em 2024–2025:
- o consumo entre jovens cresce de forma acelerada;
- o marketing digital tem papel relevante;
- o risco de dependência precoce preocupa a vigilância epidemiológica;
- escolas e ambientes de convivência passam a demandar ações mais rígidas.
Esse é hoje o principal fator de reorganização da política antitabaco no Brasil.
Como essas tendências moldam políticas públicas e decisões do SUS
O cenário atual exige respostas estruturantes:
- campanhas segmentadas (adolescentes, trabalhadores informais, população de baixa escolaridade);
- reforço da atenção primária no aconselhamento antitabagista;
- ampliação da vigilância epidemiológica local;
- debate regulatório intensificado sobre cigarros eletrônicos;
- linhas de cuidado para dependência mais integradas;
- revisão de protocolos clínicos de DCNTs relacionadas.
Cada uma dessas frentes se transforma rapidamente em contratos públicos, ajustes orçamentários e novas demandas técnicas.
O impacto direto no mercado público para fornecedores
Tendências epidemiológicas se convertem em decisões de compra.
Comportamentos recentes do tabagismo reforçam a demanda por:
- campanhas de prevenção e educação em saúde;
- tecnologias de monitoramento de ambientes;
- serviços de vigilância e diagnósticos regionais;
- programas de cessação do tabagismo;
- soluções digitais para comunicação com jovens;
- plataformas de rastreio e acompanhamento de DCNTs;
- auditorias e fiscalização de ambientes livres de tabaco.
A nova configuração pós-2023 torna esse mercado ainda mais dinâmico e técnico.
Oportunidades no mercado público a partir das tendências do tabagismo
A leitura integrada das tendências combinando a série histórica do Vigitel, as evidências recentes do Ministério da Saúde e o comportamento regulatório emergente mostra que o tabagismo voltou a ocupar espaço central na agenda pública. Essa reconfiguração epidemiológica não apenas influencia políticas, mas também reorganiza prioridades de investimento, ampliando a demanda por soluções especializadas.
Esse movimento abre espaço para fornecedores que conseguem responder a desafios complexos, como o avanço dos dispositivos eletrônicos, as desigualdades no acesso ao cuidado, a necessidade de diagnósticos territoriais mais precisos e o impacto crescente das DCNTs na rede assistencial. Em outras palavras: compreender essas mudanças permite que empresas antecipem editais, alinhem portfólio e se posicionem de maneira estratégica no mercado público.
A partir desse contexto, o cenário epidemiológico revela:
- novos riscos (e-cig);
- retrocessos no alcance de metas de controle;
- desigualdades persistentes (PNS 2019);
- necessidade de diagnósticos locais;
- pressão assistencial sobre o SUS;
- retomada do tema como prioridade nacional.
Tabela — Principais oportunidades para fornecedores do SUS (IBIZ 2025)
| Eixo de oportunidade |
O que os dados mostram |
Por que é relevante |
O que o SUS tende a demandar |
Oportunidades para fornecedores |
| Prevenção e campanhas |
Crescimento do e-cig entre jovens; estabilização do tabagismo |
Risco emergente e foco regulatório |
Campanhas segmentadas, ações em escolas e territórios |
Educação digital, materiais educativos, comunicação comunitária |
| Cessação do tabagismo |
Persistência da dependência moderada |
Redução de internações e custos |
Programas na APS, teleorientação, grupos de apoio |
Apps, protocolos, telemonitoramento, trilhas de cuidado |
| Vigilância epidemiológica |
Queda do fumo passivo; desigualdades locais persistentes |
Manter avanços e ampliar diagnóstico |
Estudos regionais, painéis, dashboards |
Monitoramento, pesquisas, relatórios e painéis analíticos |
| DCNTs relacionadas |
Aumento de DPOC e envelhecimento populacional |
Pressão assistencial e maior uso de recursos |
Rastreio, cuidado contínuo, gestão de casos crônicos |
Equipamentos, programas clínicos estruturados, soluções de gestão |
| Ambientes livres de tabaco |
Uso irregular de e-cig em espaços fechados |
Risco legal e sanitário |
Fiscalização, auditorias, rotinas de inspeção |
Consultorias, sistemas de controle, sinalização e material educativo |
| Estudos e pesquisas complementares |
Demanda crescente por dados locais mais granulares |
Diagnósticos territoriais consistentes |
Pesquisas customizadas, inquéritos municipais |
Estudos sob medida, painéis interativos, inteligência territorial IBIZ |
O que isso significa, na prática, para fornecedores
Fornecedores que atuam no mercado público podem usar essas tendências para:
- antecipar editais voltados para prevenção e ambientes escolares;
- cruzar indicadores locais para mapear territórios com maior probabilidade de contratação;
- fortalecer propostas técnicas com dados epidemiológicos atualizados;
- reposicionar portfólio e narrativa para DCNTs relacionadas;
- atuar em nichos específicos como fiscalização e monitoramento de ambientes.
Leia também: Mapeamento de Oportunidades: Como Encontrar Nichos Pouco Disputados nas Licitações
FAQ – Perguntas frequentes sobre tabagismo, políticas públicas e mercado público
Para apoiar fornecedores que desejam conectar indicadores de saúde a estratégias de atuação no setor público, reunimos algumas dúvidas recorrentes.
O tabagismo impacta as compras do SUS?
Sim. Variações dos indicadores de tabagismo influenciam diretamente:
- campanhas de comunicação e prevenção;
- programas de cessação nas redes de atenção;
- investimentos em vigilância epidemiológica;
- priorização orçamentária para DCNTs.
Quando a prevalência cai ou muda de perfil, o SUS reavalia onde investir, com que intensidade e em quais territórios — e isso repercute nos tipos de contratos firmados.
O cigarro eletrônico já aparece nos editais?
Ainda de forma tímida, mas a tendência é de crescimento.
Os primeiros movimentos costumam surgir em:
- campanhas educativas voltadas a jovens;
- materiais informativos para escolas e APS;
- ações de vigilância e monitoramento de uso em ambientes públicos.
Conforme o debate regulatório avança, é provável que editais específicos sobre o tema se tornem mais frequentes.
Como fornecedores podem usar o Vigitel estrategicamente?
O Vigitel permite:
- identificar perfis de maior risco (por idade, sexo, escolaridade);
- comparar capitais e regiões;
- acompanhar tendências de longo prazo.
Fornecedores podem usar esses dados para:
- priorizar territórios com maior probabilidade de contratação;
- ajustar argumentação técnica conforme o perfil epidemiológico local;
- sustentar propostas com evidências reconhecidas pelo próprio SUS.
Quais oportunidades surgem com a queda do tabagismo passivo?
A redução do tabagismo passivo mostra que políticas de ambientes livres de tabaco funcionam, mas também exige:
- manutenção de rotinas de fiscalização;
- ações de educação em ambientes domésticos e de trabalho;
- reforço de normas em locais de grande circulação.
Há espaço para soluções de:
- auditoria e monitoramento;
- programas de educação continuada;
- materiais de comunicação institucional.
O que esse cenário revela para o mercado público e para quem fornece ao SUS
O Brasil avançou no controle do tabagismo, mas convive agora com novos desafios que reacendem a pauta:
- aumento do uso de e-cigs;
- fragilidades em aconselhamento clínico;
- desigualdades territoriais e sociais;
- pressão crescente das DCNTs.
Para o mercado público, isso significa:
- atualização contínua de políticas;
- reforço da vigilância;
- necessidade de campanhas mais especializadas;
- maior demanda por soluções, tecnologias e serviços capazes de responder a esse novo ciclo epidemiológico.
Para fornecedores, interpretar indicadores é interpretar o futuro do SUS.
E quem faz isso com base em inteligência de mercado, como a oferecida pela IBIZ, entra nas licitações com mais previsibilidade, consistência técnica e vantagem competitiva.
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