
Vagner Pin é Gente Que Brilha
Vagner Pin tem bastante bagagem profissional e nos contou um pouco sobre sua carreira na indústria farmacêutica. Conheça mais sobre sua trajetória!
De acordo com o Google Trends, ferramenta que computa o volume de pesquisas sobre um termo no Google e indica os níveis de interesse dos usuários da plataforma por determinado assunto, as buscas pela sigla ESG aumentaram 18 vezes entre 2018 a 2023. Esse dado dá uma boa noção de como questões ligadas a valores de sustentabilidade e consciência social têm se popularizado.
Entre as empresas, compreender o que é ESG e se alinhar a esses princípios é uma necessidade cada vez mais urgente. Isso porque consumidores e investidores têm demonstrado continuamente maior disposição para se relacionar, comprar e investir em negócios éticos, inclusivos e amigos do meio ambiente.
Uma prova dessa tendência é a previsão da Bloomberg de que os investimentos ESG chegarão a US$ 53 trilhões até 2025.
Se a sua empresa ainda tateia as informações em busca de um maior entendimento sobre como se ajustar à agenda ESG, continue lendo este conteúdo para saber:
ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance (em português, ASG: Ambiental, Social e Governança) e nomeia um conjunto de boas práticas que comprovam que uma empresa ou organização atua de forma sustentável, socialmente consciente e ética.
O termo foi cunhado pela primeira vez em 2004, em um evento da Organização das Nações Unidas para a apresentação do relatório “Who Cares Win”, elaborado em conjunto pelo Pacto Global e pelo Banco Mundial.
Na ocasião, Kofi Annan, então secretário-geral da ONU, provocou CEOs de algumas das principais instituições financeiras do mundo a encontrarem soluções de investimento que se alinhassem ao cuidado com o meio ambiente, à responsabilidade social e à transparência nos negócios.
Nos últimos 20 anos, diversos acontecimentos marcam a trajetória da agenda ESG até sua maior popularização e adoção por empresas ao redor do mundo:
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A agenda ESG é norteada por três pilares. Entenda melhor cada um deles:
O pilar Ambiental considera como a empresa se comporta na busca por minimizar o impacto ambiental que sua operação causa. As boas práticas para essa dimensão incluem:
A dimensão Social abrange todas as questões da relação da empresa com seus empregados, fornecedores, parceiros, clientes e com as comunidades nas quais está inserida. As boas práticas de responsabilidade social incluem:
O critério Governança engloba as providências de administração ética do negócio, para promover transparência na prestação de contas à sociedade e combate à corrupção. Essa dimensão inclui:
Um dos fatores que colocam os critérios ESG no centro das preocupações das companhias é o crescente número de investidores decididos a apoiar financeiramente empresas que, além do lucro, busquem contribuir para a melhoria das condições do planeta, tendo as três dimensões dessa agenda como foco.
Trata-se de uma nova mentalidade, que tem sido apoiada por grandes investidores globais e think tanks empresariais. É o que chamamos de investimento com propósito.
A lista de vantagens do alinhamento de uma organização à agenda ESG inclui:
Cada vez mais os critérios ESG são considerados pelos investidores na hora de realizar um investimento. Muitas instituições já oferecem índices para mensurar o resultado de empresas com boas práticas ESG. Há também uma crescente indústria de fundos especializados em colocar dinheiro em empresas que estão na vanguarda das preocupações com questões sociais e ambientais. Dados mostram que:
Para as empresas, preocupar-se com seus indicadores de ESG ajuda não apenas a conquistar novos investidores, como também a diminuir seus riscos ambientais e regulatórios, prevenindo crises e aliviando a instabilidade dos papéis.
No intuito de analisar o grau de aderência das empresas aos critérios ESG, muitos índices e indicadores são usados. Cada vez mais as companhias procuram incorporar esse tipo de dado em suas prestações de contas, ao passo que grandes provedores de informação ao mercado, como Bloomberg, FTSE Russell e Refinitiv, oferecem aos investidores uma série de dados e análises.
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A falta de padronização de dados e a não obrigatoriedade de prestação de contas relacionados a certos critérios ESG (a quantidade de dados obrigatórios varia de país para país e de acordo com a área de atuação do negócio) são alguns dos obstáculos que a sociedade e o mercado terão de enfrentar para que se consolide essa nova forma de analisar o desempenho econômico e o retorno social dos negócios.
Práticas antiéticas, como o greenwashing, que é a apresentação de dados falsos ou enganosos sobre as políticas de responsabilidade ambiental da empresa; e o diversity washing, que é a propagação de conceitos de diversidade por uma empresa sem que ela, de fato, promova ações que fomentem e fortaleçam a diversidade e em seus times, são outros grandes desafios para a construção de um capitalismo mais consciente, já que tais condutas colocam em xeque a confiabilidade e a eficiência dos princípios ESG.
Para ser bem sucedido ao adequar sua organização aos critérios de governança ambiental, social e corporativa é preciso promover a integração ESG (ESG Integration), que consiste em enxergar a empresa de forma holística, analisando tanto seus aspectos econômicos e financeiros, como sociais, éticos e de sustentabilidade.
O uso da análise SWOT é uma prática eficaz para a identificação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de um negócio. E hoje não se pode mais realizar esse estudo sem integrar aspectos ESG, pois, ao ignorá-los, não se consegue fazer uma avaliação plena da organização.
Consideremos, hipoteticamente, uma fabricante de refrigerantes de marca forte e tradicional que venda seus produtos substancialmente em embalagens PET e venha obtendo um crescimento histórico positivo, com margens consistentes e capex controlado.
Ao incorporar as questões ESG na matriz SWOT e endereçar o tema “plástico” nas análises, uma série de novos fatores podem ser considerados, tais como:
(i) o risco de governos adotarem alíquotas de imposto maiores para produtos poluentes como o plástico; | (ii) uma menor demanda futura por conta da preferência do consumidor por marcas associadas a embalagens mais ecológicas; | (iii) um aumento substancial no capex para desenvolvimento de novas embalagens ou; | (iv) a incorporação de maiores despesas para gestão de lixo e resíduos. |
Analogamente, outras companhias podem ser impactadas na matriz SWOT no que tange a oportunidades, especialmente aquelas que estejam trazendo inovações de produto ou embalagens, aparecimento de novas marcas que cresçam à esteira do desgaste da atual líder ou eventualmente oportunidade de crescimento para produtos substitutos.
Desta forma, ao incorporar questões de ESG no entendimento das companhias, automaticamente são tratadas projeções financeiras no que tange a crescimento de receita, custos, margens, capex e alíquota de imposto.
Da mesma maneira, as eventuais oportunidades relativas a aspectos ESG de uma companhia podem se refletir como riscos ou ameaças para outras organizações.
Daí decorre a pergunta: até que ponto seríamos tolerantes com companhias que não estejam alinhadas com tais princípios? Embora tal questão seja bastante subjetiva e, por isso, não possa ser respondida de maneira fácil e direta, há casos bastante claros em que a resposta é objetiva.
Por exemplo, não são tolerados desvios éticos de nenhuma natureza e em nenhuma magnitude. Entendemos que existam questões evolutivas em companhias em vários aspectos (governança, cultura, transparência…), porém, ética é um conceito binário: há ou não há, sem meio termo.
Mas se empresas antiéticas não são passíveis de investimento, como considerar companhias negligentes com o meio ambiente? Ou com relação predatória com a comunidade ou seus colaboradores? Responder a essas questões são outros dos desafios para a consolidação da agenda ESG.
E para quem segue se questionando: “como as empresas podem se adequar às demandas ESG?”, um norte pode ser: seguir os princípios essenciais que guiam uma gestão que está aberta para o mercado e para a sociedade, colocando seus ativos tangíveis e intangíveis para valorizar o bem comum, fazendo com que a velha e boa relação “ganha-ganha” adquira contornos mais amplos e atinja a todos, gerando bem-estar coletivo.
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Como você pode confirmar ao longo deste artigo, saber o que é ESG e qual sua agenda está no centro das ações de empresas privadas e de investidores. Mas é essencial compreender que esses princípios também afetam a administração pública e os processos licitatórios. Para entender mais sobre o assunto, confira nosso artigo que explica o que é licitação sustentável e saiba como sua empresa pode ganhar competitividade nesses certames.
Fonte: ESG Insights
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