
Vagner Pin é Gente Que Brilha
Vagner Pin tem bastante bagagem profissional e nos contou um pouco sobre sua carreira na indústria farmacêutica. Conheça mais sobre sua trajetória!
A primeira vacina de que se tem registro na história surgiu em 1796, quando o médico britânico Edward Jenner desenvolveu uma forma de imunização contra a varíola. Ele descobriu que, ao expor uma pessoa à versão bovina do vírus, ela tinha inicialmente reações leves, mas com rápida recuperação e, mais tarde, desenvolvia imunidade contra a versão humana da doença. ”
Ao entrar em contato com o sistema imune, a vacina provoca uma reação de proteção e gera nele uma memória”, explica a professora Wirla Maria Tamashiro, do Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp). “Essa memória possibilita que o sistema imunológico tenha uma resposta rápida e eficiente de controle infeccioso quando o mesmo agente entrar no organismo”.
Apesar de os cientistas conhecerem esse mecanismo, o processo de produção de vacinas não é simples. “Existem várias formulações diferentes de vacinas. Em primeiro lugar é preciso identificar o agente causador da doença que se quer combater”, diz a professora. Ela explica que a vacina pode ser produzida a partir de componentes de um micro-organismo ou dele próprio, morto ou atenuado. “No caso da poliomielite, por exemplo, o agente causador é isolado e trabalhado em laboratório até que se consiga uma cepa atenuada do vírus. Ela não tem o mesmo poder de infecção e é suficiente para induzir uma proteção no hospedeiro”.
Mas nem sempre o micro-organismo em si é responsável por provocar a doença. “Às vezes, a causa é uma substância tóxica que ele produz, então a vacina precisa neutralizar essa toxina. Em outros casos, o problema não é o vírus ou a bactéria, mas a quantidade dele no interior do hospedeiro, então é preciso controlar sua multiplicação”, esclarece Wirla Tamashiro. Ela também ressalta que alguns vírus, como o HIV, possuem mecanismos de escape do sistema imunológico muito eficientes, tornando o trabalho de produção de vacina muito mais difícil. “A gente pode produzir anticorpos mas eles não são suficientes para proteger, porque o vírus fica escondido dentro de uma célula do próprio sistema imune, que não consegue enxergá-lo. Além disso, ele consegue passar de uma célula para outra sem ter acesso aos anticorpos em circulação”. Por isso, a professora acredita que a descoberta de uma vacina nesse caso ainda pode levar muitos anos ou até mesmo nunca acontecer.
A maioria das vacinas que usamos envolve injetar um vírus ou bactéria no nosso corpo para que o sistema imunológico identifique a ameaça e crie formas de nos defender.
No caso dos vírus, eles podem estar enfraquecidos (sua capacidade de nos deixar doentes foi reduzida a níveis seguros) ou inativados (são incapazes de se reproduzir) — faz parte deste segundo tipo a CoronaVac – em setembro, o governo de São Paulo que testes com 50 mil pessoas demonstraram que a vacina é segura.
Há também as chamadas vacinas de subunidades, em que apenas fragmentos característicos de um vírus, como uma proteína, por exemplo, são produzidos em laboratório e purificados para serem usados na vacina.
A proposta das vacinas gênicas, como essa anunciada pela Pfizer, é diferente. Em vez de injetar em nós um vírus ou parte dele, a ideia é fazer o nosso próprio corpo produzir a proteína do vírus.
Para isso, os cientistas identificam a parte do código genético viral que carrega as instruções para a fabricação dessa proteína e a injetam em nós. Uma vez absorvidas por nossas células, ela funciona como um manual de instruções para a produção da proteína do vírus.
A célula fabrica essa proteína e a exibe em sua superfície ou a libera na corrente sanguínea, o que alerta o sistema imune.
A imunologista Cristina Bonorino explica que, no caso das vacinas atenuadas ou inativadas, é preciso cultivar uma grande quantidade de vírus para usá-los como matéria prima. As vacinas gênicas dispensam isso. Basta criar em laboratório só a sequência genética desejada.
Isso exige uma estrutura de produção muito mais enxuta. “O custo também é provavelmente menor”, diz Bonorino, que é professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e membro do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia.
As vacinas gênicas também eliminam o risco de uma pessoa ficar doente ao ser vacinada, o que pode ocorrer quando são usados os vírus atenuados. Os vírus neste estado foram manipulados para serem menos perigosos, mas ainda assim eles conseguem se reproduzir lentamente. Isso dá tempo suficiente para que o sistema imunológico de uma pessoa saudável reaja e, neste processo, aprenda a combater essa ameaça. Mas, em casos mais raros, se o paciente é imunocomprometido, ele pode perder essa corrida contra o vírus, e a pessoa fica doente.
“Com esse tipo de vacina, não tem isso, porque ela não usa um micro-organismo vivo. É completamente sintética”, diz Norbert Pardi, da Universidade da Pensilvânia.
O tempo necessário para desenvolver uma vacina também cai drasticamente. Normalmente, leva-se meses para ter uma pronta para os primeiros testes. Com a vacinas gênicas, demora semanas.
Fonte: BBC/Nova Escola
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