Inovação tecnológica na gestão de negócios e administração pública
02/08/2023
Inovação tecnológica na gestão de negócios e administração pública
Continuamos nossa jornada aqui no Lumina, mas, desta vez, vou seguir por um caminho diferente e que está diretamente relacionado com a minha trajetória: a inovação tecnológica.
Mais do que nunca, estou acompanhando de perto as tendências tecnológicas que já impactam a gestão de negócios e administração pública, sempre tendo em vista o que o futuro nos espera.
Num mundo cada vez mais conectado, as distâncias entre os processos de desenvolvimento de novas tecnologias para o setor público e a sua implantação têm sido cada vez mais curtas. As boas práticas de gestão e governança na administração pública adotadas por “n” países ao redor do mundo tem sido cada vez mais divulgadas e são mais do que fontes de inspiração. Na minha opinião, são fontes de transformação, na qual todos nós, enquanto países, empresas e gestores, devemos mergulhar.
E falando em mergulho, que tal nos aprofundar nas tendências globais de inovação, conhecendo o mais recente Observatório da Inovação no Setor Público (OPSI), publicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)?
A OCDE, fundada em 1961, é responsável, entre muitos outros estudos relevantes, pelo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Só para vocês terem uma ideia da importância e complexidade deste estudo, o Observatório da Inovação no Setor Público mapeou 1.084 iniciativas, desenvolvidas em 94 países, inclusive no Brasil.
Foram identificadas quatro tendências globais em termos de inovação para o setor público, que compartilho aqui com vocês:
1ª tendência – Novas formas de prestação de contas para uma nova era de governança. O uso de algoritmos de accountability vai tornar a gestão pública mais transparente, inclusive com o desenvolvimento de mecanismos automáticos, como sensores de registro, tais quais o que a Holanda vem desenvolvendo.
2ª tendência – Novas abordagens na saúde pública. Novas tecnologias estão revolucionando a saúde pública, ao redor do globo. O case espanhol de Tucuvi é um exemplo claro das transformações tecnológicas no ecossistema de saúde. A saúde mental, que vem ganhando cada vez mais relevância, tanto na gestão pública como na privada, também é alvo de uma iniciativa criativa encampada pela Austrália, o “Mental Health Café”.
3ª Tendência – Novos métodos de preservação das identidades e fortalecimento das equidades de gêneros e raça. A preservação da cultura e o reconhecimento do legado dos povos originários têm sido impactados positivamente pelo uso de novas tecnologias, como o case brasileiro sobre o povo indígena Maxakali, que habita o interior de Minas Gerais.
4ª Tendência – Novos caminhos de engajamento para cidadãos e residentes. O empoderamento dos cidadãos e a questão dos refugiados também têm sido endereçados por meio da inovação tecnológica. Serra Leoa, na África Ocidental, vem desenvolvendo um trabalho de “reimaginação” das comunidades, tanto do ponto de vista físico como digital, como forma de reforçar a cidadania.
Como existe um leque muito amplo em termos de inovação no setor público, selecionei aqui outras tendências potentes que estão chegando até nós e que já se fazem sentir, em maior ou menor grau, na administração pública de vários países, e o Brasil não foge à regra.
Transformação da administração pública: desenvolvimento de novos sistemas de compras públicas (procurement) ao redor do mundo, a exemplo do que ocorre no Brasil, com inclusão de novas funcionalidades no Compras.gov e a expansão dos pregões eletrônicos. O treinamento intensivo e requalificação dos funcionários públicos, para uso das tecnologias emergentes, tem sido uma constante entre os 94 países participantes do Observatório (OPSI).
Novas bases para questõesrelacionadas à justiça intergeracional: governos têm investido em soluções tecnológicas sob medida para atender às novas gerações e proporcionar um futuro mais democrático, em que todas as vozes sejam consideradas.
Redução da emissão de carbono (net zero): soluções criativas e inovadoras têm sido adotadas ao redor do mundo, para que a emissão de carbono e práticas de sustentabilidade sejam implantadas com mais agilidade.
Fortalecimento e upgrade dos ecossistemas de GovTech – fomento às startups tem sido uma constante em todos os governos pesquisados. Os ganhos em agilidade e assertividade que startups proporcionam para a gestão pública já podem ser mensurados, inclusive no Brasil.
Compartilho aqui com vocês o link para Observatório da Inovação no Setor Público (OPSI). Tenho certeza de que vão achar muito interessante este material, ainda mais porque se trata de um conteúdo “fresquíssimo” – publicado mundialmente em maio.
O menu de oportunidades que a inovação tecnológica traz para o setor público é tentador. Temos à nossa frente, enquanto gestores, um mundo de novas possibilidades tecnológicas a serem degustadas.
Depende (e muito) de cada um de nós, que atua direta ou indiretamente no mercado público, contribuir com a aceleração responsável deste processo de criação de uma cultura de inovação tecnológica nos ambientes onde atuamos. Creio que nos cabe não só expandir este menu de inovações, mas torná-lo acessível, para que todos, cidadãos e gestores, possam degustá-lo sem moderação, já que a inovação tecnológica na gestão pública nos promete, em curto e médio prazos, um futuro mais transparente, ágil e colaborativo.
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