Reconversão Produtiva: a transformação que a pandemia trouxe para a indústria
29/06/2020
Reconversão Produtiva: a transformação que a pandemia trouxe para a indústria
Pense em qual processo a sua empresa é realmente eficiente e capaz de agregar valor. É nele que você precisa investir.
Fizemos muitas descobertas graças à pandemia. Aprendemos que é possível trabalhar de casa e que precisamos de muito menos para sermos felizes. Tivemos também lições de solidariedade e até de protocolos sanitários. O mundo inteiro está aprendendo e mudando.
Nesse cenário, a indústria e o setor da mobilidade têm diante de si uma grande oportunidade. Nos referimos aos rearranjos industriais e à reconversão produtiva. O segmento, que já vinha desidratado e clamando por mudanças, entrará com tudo nessa transformação.
A grande conquista aconteceu quando, por necessidade, fábricas de automóveis se viram montando respiradores hospitalares, fábricas de filtros ensaiaram fazer máscaras e outras empresas, para se salvar e gerar caixa, tentaram combinações variadas fora do seu sagrado core business, produzindo o que nunca pensaram em fazer antes.
Isso ateou fogo em crenças antigas de inviabilidade e quebrou travas de flexibilidade. Ficou claro que seria possível seccionar os processos em unidades de transformação e geração de valor e, recombinando-os, manufaturar múltiplos produtos. Quais? Justamente aqueles que o mercado demanda a cada momento ou realidade.
Se assim for, descobriremos ainda que não faz qualquer sentido que três metalúrgicas de porte médio, dotadas de equipamentos similares e, pior, situadas em um raio de dez quilômetros de distância umas das outras operem com 80% de capacidade ociosa, baixando preços para sobreviver e lutando em um oceano vermelho de sangue. Todas sairão perdedoras, e quem ganhará será a China.
Em qual processo produtivo a sua empresa realmente agrega valor?
A reconversão produtiva poderia ampliar a quantidade de linhas de itens diferentes. Uma possibilidade seria iniciar lentamente a diversificação, migrando para máquinas e implementos agrícolas (um mercado crescente e similar) e, na sequência, para outros equipamentos até atingir um portfólio amplo de produtos, com base em dados de inteligência de mercado atualizada permanentemente.
Em um plano paralelo, o foco estaria em otimizar o uso do parque já instalado por meio de uma espécie de “uberização” de processos produtivos e etapas de transformação e geração de valor. Uma espécie de desmonte das linhas de montagem e amplificação do leque de empresas e empreendedores que, com uma marca e um projeto na mão, iriam à caça de etapas produtivas de transformação, dispostos a pagar por elas o que realmente valem.
Acha que estou viajando? Gostaria de acreditar em tudo isso? Então apresento a você a Casper, um “fabricante” americano de colchões. Seu único diferencial é ter bolado um sistema de vácuo com o qual sugam o ar de dentro do colchão, compactando-o a tal ponto que pode ser embalado em uma caixa. Isso torna possível enviá-lo para qualquer lugar pelas redes de entrega comuns. Pois bem, essa empresa, de apenas quatro anos de idade, fatura 400 milhões de dólares por ano, emprega 600 funcionários e é avaliada em 1.1 bilhão de dólares.
A Casper não fabrica nada, não estoca nada, não envia nada. Absolutamente tudo é feito por uma rede de parceiros, cada um entregando sua parcela de valor na cadeia do negócio. Este sistema de encolhimento dos colchões poderia estar, portanto, dentro de sua fábrica, rendendo-lhe receita. Nasce um novo paradigma industrial no qual a pergunta não é mais o que você produz, mas sim qual é o seu catálogo de processos de transformação ou adição de valor. Em quais é competitivo, flexível, rápido?
Você, que lê este artigo agora, é capaz de responder isso sobre sua empresa atualmente? Se a resposta for não, acelere. Quanto às demandas e a como se conectar com elas, não se preocupe: a
tecnologia se encarregará de fazer o encaixe. Uma espécie de Tinder entre empreendedores e suas ideias, marketing, marcas e projetos de produtos e quem pode transformar materiais, montar e adicionar valor.
Quando, no meio da pandemia, ouvi os governantes se referirem pela primeira vez ao plano Marshall, me enchi de expectativas. A reconversão da indústria bélica para produtos de consumo foi, de fato, uma grande e exitosa transformação. Não era o que imaginei: falava-se apenas de outro aspecto daquele movimento histórico, as grandes obras de infraestrutura.
Quem sabe não haja um despertar também para políticas públicas e incentivos fiscais que possam salvar nossa combalida indústria. Estamos ainda em tempo e, como dizia Ayrton Senna, brasileiro não desiste nunca.
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