Nesta 11ª edição do Gente Que Brilha, vamos acompanhar a trajetória de Givanildo Rodrigues, gestor com um histórico profissional surpreendente e, por isso mesmo, muito inspirador.
Com vocês, Givanildo Rodrigues, mais conhecido como Gil, em entrevista exclusiva para o SOL.
1Biografia – Quem é o Gil? Conte um pouco sobre você…
Eu sou o Givanildo Rodrigues, mas prefiro que me chamem de Gil, sou gerente sênior de Licitações LATAM, na Thermo Fisher Scientific.
Minha jornada é bem incomum e muito rica em termos de oportunidades e desafios. Comecei a minha vida profissional como garçom numa rede famosa de fast-food de esfihas e me orgulho bastante deste início. Por meio dele, pude estabelecer contato com pessoas de diferentes perfis e entender o significado real da prestação de serviços. Afinal, como profissionais de Licitações Públicas, somos todos, direta ou indiretamente, prestadores de serviços, por excelência.
Meu primeiro contato com a área de Licitações Públicas foi como jovem aprendiz numa distribuidora Pirelli. Ali passava os dias lendo editais publicados nos Diários Oficiais e selecionando os certames que poderiam interessar à empresa. Vivia com as pontas dos dedos tingidas pelas páginas do Diário impresso, pois naquele período não havia tecnologia específica ou portais eletrônicos para pesquisar oportunidades licitatórias. Dali para frente, tomei gosto pelo Mercado Público e iniciei a minha carreira na área. Com o incentivo de minha então chefe, advogada especializada em Compras Públicas, ingressei na PUC (Pontifícia Universidade Católica), onde cursei Direito. A dupla jornada (trabalho e estudo), tão comum no início de nossas vidas profissionais, embora um pouco sacrificante, acelerou minha sede por conhecimento e novas oportunidades.
Com um perfil bem distinto da multinacional italiana onde trabalhava, migrei para uma nova empresa de pequeno porte, agora do segmento de informática, onde eu era o “faz tudo” da área de Licitações: estava começando do zero e ali tive a oportunidade de estruturar a primeira licitação da empresa. Uma responsabilidade e tanto, que agarrei “com unhas e dentes”. Até hoje, me lembro deste dia, quando me dirigi ao TCU/SP para participar do pregão presencial. Terno, gravata e a confiança de um jovem profissional, certo de que havia seguido todo protocolo licitatório, reunido a documentação requerida e definido a estratégia de preços corretamente. Fiquei super feliz ao ganharmos o 1º item do certame, mas meu momento de alegria passou logo. Em seguida, a empresa foi desclassificada por falta de uma certidão imobiliária – mea culpa.
Os anos de aprendizado e desafios foram seguindo e, com eles, novas mudanças de emprego. Inclusive, virei pregoeiro. Uma experiência profissional única e muito relevante para minha carreira, pois até hoje carrego comigo os ensinamentos desta época, certo de que ter estado do “outro lado”, foi uma fase importante na minha trajetória e no meu crescimento, enquanto gestor de negócios públicos.
Passei por empresas dos mais variados portes e perfis, de startups a Petrobrás, Fuji, Samsung, Philips e 3M e, já como gestor, ingressei no segmento de saúde, chegando aqui na Thermo Fisher. Estas experiências foram relevantes, moldaram meu perfil e valor profissional. Trouxeram-me até aqui e alimentam minha paixão pela área de Licitação Pública, que me desafia todos os dias a fazer mais e melhor, a aprimorar minhas habilidades estratégicas e de liderança.
2Highlights da carreira – quais foram os pontos altos de sua carreira? Que fatos relevantes e resultados alcançados você gostaria de destacar?
Ao longo de mais de 20 anos de carreira, é difícil escolher alguns highlights, mas não tenho dúvidas de que, após criar o Departamento de Licitações no México, pela Thermo Fisher, poder vencer a primeira licitação foi um caso muito especial. Guardo até hoje a cópia do empenho.
Outros marcos aqui na Thermo Fisher foram as vitórias de duas licitações de equipamentos na Argentina, em que nunca havíamos participado diretamente. Era um processo complexo no aspecto documental ou processual, bem como por todas as peculiaridades econômicas recentes daquele país. Foi um valor expressivo e um grande trabalho de toda a equipe local.
Também tenho muito orgulho de um projeto de Turn Key, do qual participei, foi o primeiro desta magnitude da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), que representou um novo entendimento na minha vivência enquanto gestor de negócios públicos. Na ocasião, a Philips ganhou um edital de peso: fornecer oito tomógrafos e as respectivas salas de instalação dos equipamentos para hospitais universitários. Para mim foi bem mais que um desafio, foi um desenvolvimento e uma entrega disruptiva!
Até então, já havia participado e ganho muitas licitações, mas esta foi a primeira que demandou de mim e de minha equipe skills completamente diferentes. Estávamos acostumados a fornecer os equipamentos de acordo com o descritivo do edital; porém, dessa vez, o edital incluía também a construção das salas dos tomógrafos. Nós nos reinventamos: além de gestores de licitações públicas, passamos a ser “engenheiros” e coordenamos todo o processo de desenvolvimento e implantação das salas e antes salas de tomografia (As Built), seguindo à risca todas as especificações e protocolos necessários.
3Desafios – a vida profissional e a pessoal é feita de desafios, aqueles que nos tornam melhores, mais fortes e mais capazes. Quais foram os mais marcantes de sua vida profissional e/ou pessoal que você gostaria de compartilhar conosco?
Como gerente sênior de Licitações da Thermo Fisher, meus desafios e possibilidades são proporcionais ao tamanho da empresa e de seu portfólio: gigantes e relevantes para os mercados em que atuamos.
Além de cumprir as metas de crescimento da corporação para o Mercado Público LATAM, minha equipe e eu temos outra missão importante: expandir a participação do portfólio da empresa em editais públicos. A Thermo Fisher tem um portfólio bem complexo, extenso, super variado para inúmeros segmentos de mercado e temos que dar mais visibilidade a ele, tornando nossas tecnologias inovadoras acessíveis para os governos e países da região.
Entender a fundo o mercado brasileiro de Licitações Públicas e sua incrível complexidade, especialmente na área de Saúde, foi algo que demandou anos de trabalho e muito empenho (trocadilho à parte). E, claro, também é desafiador mergulhar nas culturas sul-americanas (Argentina, Chile, Colômbia) e latino-americanas (México e até reuniões com clientes na Guiana) para estruturar uma área LATAM com este peso geográfico e econômico, definir as estratégias de abordagem e participação nas suas licitações públicas, prezando por objetivos regionais e pela essência da Thermo Fisher, sempre respeitando as especificidades locais.
A cada dia, minha equipe e eu temos um novo olhar e uma nova estratégia neste processo em construção contínua, com o objetivo de torná-la ainda mais sólida.
4 Inspiração – O que te inspira, o que te motiva a cada dia que você dedica ao mercado de Licitações Públicas?
É uma excelente pergunta. Acredito que a cada fase da vida podemos e devemos ter alguém ou algo que nos inspire. Sabe aquele momento em que estamos aguardando a atualização de um site de compras, em que oficialmente somos declarados vencedores? Sim, mesmo depois de muitos anos de trabalho em licitações, ainda sinto esta sensação prazerosa de ganhar um certame ou de reverter uma licitação com um belo recurso. Também quero destacar a razão que me faz ter motivação para tudo isso: meu filho e minha esposa! Sem sombra de dúvidas, são eles que me motivam.
Fazer o meu melhor e trazer o meu melhor também para todas as pessoas com as quais convivo, em especial minha família e minha equipe. Afinal, a equipe é como um prolongamento da nossa vida, da nossa casa.
Trabalho sempre pensando em construir um mundo mais justo, mais sustentável, seguro e limpo para a geração de meu filho e as outras que ainda estão por vir.
A purificação do ar, da água e o uso da tecnologia de forma responsável em prol do nosso bem-estar são outros temas que me inspiram, inclusive na minha rotina profissional. A empresa na qual trabalho tem soluções inovadoras e viáveis para o meio ambiente que podem ser disponibilizadas para todos por meio de licitações públicas. Assim, estou de forma muito concreta construindo um futuro melhor para o meu filho, e isso é o que conta.
5Projetos atuais – atualmente qual é o projeto ao qual você tem se dedicado mais? Quais são os desafios mais relevantes deste projeto como gestor? Acredita que ele trará mudanças estratégicas significativas para a sua área, sua equipe e para a empresa como um todo?
O mundo à nossa volta está em ebulição. Para onde olhamos, há uma nova tecnologia emergente, impulsionando minha vontade de desenvolver projetos transformadores para a área de Licitações Públicas. Questões como Inteligência Artificial (IA), as ferramentas de BI (Business Intelligence) e outras tecnologias estão disponíveis para tornar a gestão do dia a dia mais ágil, menos operacional e mais estratégica para diversas áreas. E temos observado atentamente estas soluções também para o campo de Licitações.
6Nova Lei de Licitações – Em sua opinião, quais os impactos que a nova Lei de Licitações trará para o mercado de Compras Públicas?
A nova lei pode contribuir para otimizar processos de transparência e agilidade, além de congregar elementos que antes estavam dispostos em diferentes legislações. Isso também tem impulsionado novas funcionalidades no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), que utilizamos no nosso dia a dia.
7Uma frase, um pensamento especial – para finalizar, compartilhe com a gente uma frase, um pensamento ou algo do gênero que faz você vibrar e tem um significado especial para você.
Para mim é mais que uma frase, é uma palavra que me inspira: coragem. Coragem é fundamental para a gente se movimentar, sair do lugar, desafiar-se, mesmo que isso gere certo desconforto. É preciso coragem para não ser igual aos outros, ser diferente… Coragem para viver e fazer as coisas acontecerem. Para mim, a vida é a coragem em movimento, que nos transforma e nos abre novas e incríveis possibilidades.
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