A Gestão Antifrágil se beneficia com as incertezas e imprevistos

Como viver em um mundo de incertezas? Diante de tudo o que falamos até agora, você deve estar se perguntando: como podemos caminhar sem saber exatamente para onde estamos indo? Para responder essa pergunta, vamos utilizar o conceito de Nassim Taleb,estatístico e investidor, internacionalmente reconhecido por seus livros que tratam de incertezas e eventos imprevisíveis. Entre os conceitos criados por Taleb estão Cisne Negro e Antifrágil.

“Algumas coisas se beneficiam de choques externos; elas prosperam e crescem quando expostas a volatilidade, aleatoriedade, desordem e estressores”, afirma Nassim Taleb.

Isso pode parecer um pouco contraintuitivo: como algo poderia melhorar ao ser quebrado? Vamos dar um overview sobre o que é, basicamente, esse conceito.

• Frágil: algo que pode ser facilmente danificado pela desordem. Por exemplo, uma xícara. Quando existe um simples tipo de desordem, como uma queda, ela quebra.
• Resiliente: pouco afetado pela desordem. Apesar de ser afetado de alguma forma, se mantém intacto, estruturado.
• Antifrágil: beneficiado pela desordem. Sofre o impacto e, além de não ser afetado negativamente, consegue transcender e virar algo ainda melhor.

Calma! Sabemos que pode parecer algo difícil de imaginar. Vamos dar exemplos bem tangíveis para exemplificar.

• Antifrágil: Nossos músculos: Quando nos exercitamos, estamos quebrando as fibras dos músculos. Depois, eles se regeneram e é isso que faz o volume e a resistência. Ou seja, melhora ao sofrer uma força negativa.
• Segurança da Informação: Quanto mais ataques de hackers um sistema sofre, mais precisa se transformar em algo mais evoluído para ser realmente seguro e estar preparado para o que virá no futuro.
• Sistemas Resilientes: vão sofrer o impacto, vão ser afetados, vão ter um momento de baixa, mas depois vão se recuperar e voltar a ser o que eram antes.
• Sistemas Antifrágeis: vão sofrer o impacto, vão se aproveitar desse impacto para se catapultarem e virarem algo ainda melhor. A pergunta que fica é: como virar um sistema que não seja apenas resiliente, mas que seja capaz de se regenerar e evoluir?

Princípios Básicos de Nassim Taleb – Antifrágil 

Selecionamos 5 princípios que têm uma relevância muito grande para entrar nessa mentalidade, principalmente porque muitas pessoas acreditam que, passada a pandemia, iremos voltar ao normal, voltaremos a fazer as coisas como fazíamos antes. Porém, isso não é verdade. Voltaremos a um estado de normalidade, mas entraremos em um “novo normal”, que já estamos começando a vivenciar, ainda que muito superficialmente.  O que vai ser exatamente esse normal, não sabemos claramente. Até porque ele ainda será construído. E o ideal é começarmos a construí-lo agora (antes que alguém o construa por nós).

1. ATENHA-SE A REGRAS SIMPLES

Quando alguém explica uma ideia, ela precisa ser facilmente entendida. Ideias boas não precisam de muitas explicações. Isso é válido para tudo:

• Planejamentos
• Apresentações
• Políticas internas e externas da sua empresa
• Manual da Voz

Quanto mais objetivo você for, mais você vai estar fazendo algo que faz sentido para todos e sendo compreendido.

2. NÃO SEJA CONSUMIDO POR DADOS

No contexto da pandemia, a maioria das pessoas passa pela espiral de ler várias notícias, de diversos veículos, em diferentes horas do dia… ou seja, acabamos fixados em consumir informação o tempo todo.  Então, não ser consumidos por dados é válido para esse âmbito pessoal. Mas também vale para o corporativo. Tudo é dado, tudo pode ser dado. Tudo pode ser medido e computado. Porém, as perguntas que precisamos fazer são: Tudo é relevante? Todo dado é necessário? O dado sem contexto possui valor? Sabemos, de fato, analisar um dado? O que estamos retirando dos dados faz sentido para o objetivo de negócio da empresa? Não fique à mercê dos dados. Tenha o controle da situação.

3. EXPERIMENTAR E ITERAR: CORRA MUITOS PEQUENOS RISCOS

O Design Thinking e  Metodologias Ágeis são pilares fundamentais para fazer um movimento de replanejamento constante, conforme prega o Ágil. Longos planejamentos não existem justamente porque imprevistos acontecem e as coisas precisam ser repensadas o tempo todo

E aqui fica um spoiler do futuro: replanejamento estratégico será algo muito popular em nosso novo normal porque a maioria das empresas perceberam o quanto é importante se replanejar e traçar novos objetivos. É fundamental sermos capazes de correr pequenos riscos, muitas vezes. Se você tem uma ideia, teste em uma escala pequena. Não espere estar tudo pronto para começar a tirar a prova real. Acredite. Experimente, faça, tente...

Acredite: só assim as coisas evoluem. E isso vai te ajudar a estar preparado para lidar com imprevisibilidades.

4. CONCENTRE-SE MAIS EM DESCARTAR O QUE NÃO FUNCIONA DO QUE EM DESCOBRIR O QUE FUNCIONA

Estamos sempre em busca de soluções, de resolver problemas e saber exatamente o que temos que fazer para que algo dê certo. Porém, às vezes essa resposta não existe: não é uma resposta, não existe somente um jeito de fazer. Se você consegue arriscar (fazendo os experimentos propostos no número 3) e reconhecer o que não deu certo, você conseguirá chegar muito mais rápido no que vai dar certo. Isso porque estará excluindo o que atrapalha, atrasa e impede de chegar em um resultado.

5. RESISTA AO DESEJO DE SUPRIMIR A ALEATORIEDADE

Lembre-se: o aleatório acontece. E acontece o tempo inteiro. Esteja aberto para trabalhar e entender o que existe para ser aprendido no agora e o que existe de oportunidades futuras nesse cenário. Chove quando a meteorologia diz que vai fazer sol. Um telefonema pode mudar todo o planejamento do seu dia. Aquele projeto pode apresentar um problema que ninguém conseguiu prever. Você não pode ficar paralisado. É preciso agir. E a primeira pergunta a se fazer é: como faço para reverter essa situação? Aceite o acaso, entenda-o, incorpore-o e transforme-o.

Nosso mundo está em mudança constante. Nunca tantas aconteceram em tão pouco tempo. Como podemos viver evoluindo e nos reinventando? Aprendendo a cada dia. Errando. Descobrindo. Repetindo. Ensinando. Evoluindo. Querendo mais. E qual o combustível dessa jornada? A nossa curiosidade, que nos leva a continuar crescendo. São nesses momentos que ativamos nossa inteligência e criatividade para criar soluções que nos ajudem a superar os desafios.

Fonte: MJV – Consulting