Com o movimento de retomadagradual das atividades econômicas no mundo e especificamente na capital paulista, a qual se encontra na fase 2 (que permite algumas liberações com restrições) do plano de reabertura anunciado pelo governo de São Paulo, é indispensável a discussão sobre como se dará a volta do trabalho presencial. Uma vez que o contexto corporativo sofreu profundas mudanças repentinas, como a implantação geral do home office, levantam-se dúvidas sobre quais serão os desafios e as novas responsabilidades das empresas nesta readaptação. Para Ruy Shiozawa, CEO da Great Place to Work, o sentimento é de euforia, mas é preciso haver uma volta cautelosa.
“Como o vírus ainda não está controlado, e não há cura ou vacina, apenas estratégias para a contenção, o primeiro reflexo será o cuidado com a saúde. O segundo aspecto a ser considerado com maior relevância é a gestão de custos. À medida que as circunstâncias retomem, elas não voltarão ao mesmo nível que estavam quando tudo parou, e sim como um, dois ou três anos. Assim, haverá uma pressão sobre a receita das empresas e sobre a renda das pessoas e famílias. Logo, este gerenciamento deverá ser feito com muito cuidado, pois isso envolve todo o impacto na organização do trabalho”, explica Shiozawa em entrevista a Tiago Alves, CEO do IWG – Regus e Spaces do Brasil, no Forbes Live.
O executivo também enfatiza outro efeito da pandemia no processo de retomada que tem sido chamado de “any time, any where”, ou seja, modelos muito mais flexíveis os quais permitem que os funcionários trabalhem em qualquer momento e de qualquer lugar. “Tenho visto vários presidentes dizendo que, ao invés de manter um grande escritório central, pensam em administrar escritórios menores e descentralizados para ficarem mais próximos dos colaboradores, que estavam vivenciando o trabalho sem deslocamento e perceberam o impacto na qualidade de vida”, diz Shiozawa. Além disso, ele revela que a tendência é que nas próprias moradias exista mais espaço para um escritório.
Na visão de Cauê Oliveira, diretor de capacitação da Great Place to Work, o home office traz à tona uma importante reflexão sobre a relação essencial de confiança entre líderes e funcionários, que deve se manter forte não só quando a equipe está distante fisicamente. “Um dos aspectos chave para construir esse relacionamento é a comunicação, ou seja, falar e ouvir. Ao invés de ficar tentando adivinhar como será a volta, é preciso perguntar às pessoas. Claro que para quem tem uma infraestrutura mais bem equipada, é conveniente trabalhar em casa, mas, para aquele que vive em condições precárias e totalmente improdutivas, é o contrário”, complementa Shiozawa.
Uma vez que as relações de trabalho inevitavelmente ficaram mais frágeis nesse contexto de tensão, a gestão e conservação de talentos no pós-pandemia podem ser encaradas como um desafio. Entretanto, Oliveira explica que a atuação dos líderes não deve ser diferente daquela já considerada fundamental para atingir um bom nível de satisfação dos funcionários antes da crise do coronavírus. “O principal fator que faz os colaboradores desejarem atuar em uma organização é a oportunidade de desenvolvimento e crescimento. Trata-se de aprendizado”, diz. Segundo o diretor de capacitação, práticas simples como feedbacks e compartilhamento de informações de modo a incentivar o aprimoramento, podem contribuir na percepção do profissional de que ele não é apenas um número ou empregado, mas alguém que está fazendo a diferença no dia a dia.
Para os próximos anos, a perspectiva de Shiozawa é otimista. Embora os obstáculos tenham sido significantes, o executivo enxerga muitos aspectos positivos que devem permanecer nesta volta gradual do trabalho presencial. “Um exemplo é essa nova liderança que está nascendo, que é mais flexível, diversa, aberta ao diálogo e a novas ideias, e que coloca mais o ser humano no centro de suas decisões”, diz. O CEO também destaca que as estratégias de prevenção em espaços físicos como o uso de máscara facial quando se está doente e a limpeza constante dos ambientes, demonstram uma preocupação com a saúde que deve ser mantida. “Daqui para frente esses hábitos serão incorporados e é papel da liderança dar seguimento a isso e não tratar como algo temporário”, conclui.
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